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Nictheroy
-
assim
se escrevia
seu
nome,
de
origem
indígena,
e que
significa “Água
Escondida” -
já
foi
capital
de
Estado:
o
Estado
do
Rio
de
Janeiro.
Com
uma
área
de
cento
e trinta
quilômetros quadrados,
seus
primeiros
colonizadores foram genoveses e portugueses, participantes da
expedição
de Estácio de Sá,
que
expulsou os franceses
em
1564.
Niterói,
cujo
aniversário
se
festeja
em
22 de
novembro,
foi fundada
pelo
cacique
Araribóia, o “Cobra
Feroz”,
chefe dos
Temiminós,
que
recebeu a
sesmaria
em
1568,
mas
só
ocupou
em
1573.
Com
seus
460
mil
habitantes,
é considerada a
melhor
cidade
do Estado
em
qualidade
de
vida
e
em
quarto
lugar
no
País.
No
setor
do
ensino,
segundo
pesquisas divulgadas
pela
ONU
em
setembro
/98, a
cidade
encabeça a
lista
dos
municípios
de
maior
índice
de
Educação
do
país.
Niterói é uma
cidade
dotada de inúmeras
belezas
naturais
feitas
pela
mão
do
Criador,
como
por
exemplo
a
sua
orla
marítima,
formada de belíssimas
praias.
E é
também
dotada de
grande
beleza
artificial, feita
pela
mão
do
homem,
tais
como
igrejas,
museus,
fortes,
monumentos,
estádios,
praças,
clubes
e
um
sem
número
de
escolas, possuindo
até
uma
Universidade
Federal:
a
Universidade
Federal
Fluminense,
além
de várias outras
particulares.
Não
me
sendo
possível,
pela
exigüidade de
espaço,
discorrer
com
detalhes
sobre
todas essas
belezas,
destacarei
aqui
apenas
uma: a
escola
onde
fiz o
meu
Curso
Primário,
nos
idos
da
década
de trinta.
Uma
escola
diferente...E
por
quê?
Considero-me uma
pessoa
privilegiada
por
ter
estudado
ali,
um
colégio
diverso
de
todos
os
padrões
e
ensino
que
já
conheci, na
qualidade
de
aluna
e,
depois,
professora
que
fui
durante
tão
longo
tempo.
O
Grupo
Escolar
Joaquim Távora -
este
era
o
seu
nome
-
era
uma
escola
pública
estadual,
com
um
alto
padrão
de
ensino,
e
bastante
moderno
para
a
sua
época,
sendo considerado o
melhor
no
município
e,
quiçá,
no
Estado.
Situado
em
uma belíssima
praça
toda
arborizada, a
maior
área
verde
e
principal
parque
da
zona
sul
da
cidade,
o
colégio
era
cercado
de
pés
de
eucaliptos
centenários
que
lhe
emprestavam
um
ar
de
austeridade,
mas
sem
nunca
assustar
os
alunos;
havia
também
palmeiras
altíssimas,
que
pareciam
vergar
a
qualquer
momento
e havia
ainda
inúmeros
canteiros
de
diferentes
feitios
com
uma
enorme
variedade
de
flores,
alegrando o
seu
ambiente.
O
Campo
de
São
Bento,
nome
pelo
qual
é
conhecida
esta
praça, constituía
uma
área
quase
despovoada ao
final
do
século.
No
início do
Império,
D. Pedro e a Imperatriz Leopoldina nele acampavam para
assistirem aos
exercícios
militares.
Sua
urbanização começou no
meio
deste
século
e
atualmente
é tombado por
força
de
Lei, desde
1990.
Junto
a
suas
árvores
centenárias, o
Campo
de
São
Bento
possui um
enorme
lago,
onde
existe
um
chafariz,
um
dos
maiores
da América
Latina.
Hoje,
por
motivos
óbvios,
infelizmente,
o
meu
Campo
de
São
Bento
é
todo
cercado
de
grades,
fato
este
que
tirou
muito
da
sua
beleza
original.
Uma
pena!
Mas,
voltando a
minha
escola...
Por
que
era
ela
tão
diferente?
Simplesmente
porque
ali
as
aulas
eram ministradas ao
ar
livre, em
bosques.
Não
havia
paredes
artificiais e
frias;
havia
apenas
as cercas
de cedrinho, arredondadas,
que
formavam os
bosques:
as nossas “salas
de
aula”.
Os
tetos
eram as
copas
das
árvores,
que
nos
protegiam do
sol
e,
através
das
quais,
nós
vislumbrávamos o
céu,
onde
os
pássaros,
cantando,
nos
acompanhavam nas
lições,
como
se fossem
nossos
coleguinhas.
Diariamente,
pela
manhã,
funcionários
da
escola
colocavam
nos
bosques
as
carteiras,
os
quadros
-negros, as
cadeiras
e
mesas
das professoras,
que,
à
tarde,
eram recolhidos e guardados
em
lugares
apropriados.
Quando
chovia, as mestras ministravam
suas
aulas,
para
todas as
turmas
ao
mesmo
tempo,
em
um
enorme
ginásio,
uma das pouquíssimas
construções
ali
existentes. E,
quando
inesperadamente
caía a
chuva,
nós
mesmos,
os
alunos,
fazíamos
este
transporte,
o
que
era
bastante
divertido.
Como
se pode
perceber,
a “minha
escola”
era
bem
diferente.
Os alunos
não
fugiam,
apesar
de
não
existirem
paredes,
portas
e
cadeados;
não
“matavam”
aulas
e poucas
vezes
recebiam
algum castigo.
E
mais:
não
eram assaltados, seqüestrados
nem
assassinados,
como
se
vê
acontecer
nos
dias
de
hoje
com
uma
certa
freqüência.
E
por
estar
situada num
local
tão
diferente,
a essa
escola
tão
diferente,
situada num
município
tão
diferente,
e
onde
eu
passei os
melhores
momentos
de
minha
vida,
eu
dediquei esta
trova
que aqui
transcrevo, encerrando a
minha
crônica:
|
"No meu Campo de São Bento,
junto a seu verde esperança,
deixei saudoso momento
de meu tempo de criança." |
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