Quase
no
olvido
de
todos
os
que
se interessam pelas
coisa
de
cultura,
jaz o
nome
da
primeira
poetisa
brasileira.
O
descaso
que
havia no
passado
e
que
ainda
hoje
existe
pela
literatura
feminina
parece uma
prevenção
contra
as
mulheres
de
espírito.
Norberto, no
seu
livro
“ Brasileiras
célebres”,
publicado
em
1860,diz: “ Pernambuco, a
província
heróica,
pátria
de
tantos
filhos
beneméritos,deve
ufanar-se de
poder
contar,
entre
os
nomes
de
seus
filhos
ilustres,
o da
jovem
Rita
Joana de Souza,
que
muito
honrou as belas
artes
e as belas
letras,
e de
cujo
talento
fazem
referências
inúmeros
autores
famosos."
Nasceu
Rita
Joana de Souza na
mais
encantadora
cidade
pernambucana,
que
o
próprio
nome
diz
ser
linda,
na
cidade
heróica
que
serviu de
teatro
às
guerras
holandesas, essa
Olinda
legendária.
Poetisa inspirada! A
primeira,
cronologicamente
nascida
na
terra
poética
de
Santa
Cruz,
passou a
sua
mocidade
alegre
e descuidosa
entre
as
musas,
ora
fazendo
versos,
ora
pintando a
paisagem
encantadora de
seu
Estado.
A
vida
lhe
correu
breve
e
suave
no
seio
de uma
família
fidalga.
Seu
dedicados
pais
lhe
proporcionaram a
mais
sólida
instrução,
pondo
em
suas
mãos
os
livros
dos
sábios
e dos
poetas.Nesse
ambiente
.rico,
era-lhe
enlevo
e
passatempo
o
cultivo
das
letras.
Não
chegaram
até
nós
os
seus
poemas,
o
que
é uma
pena,
pois
tantos
são
os
autores
antigos
que
deles fazem
menção.Nas
buscas
dadas aos
arquivos
públicos
e nas
relíquias
das
famílias
mais
antigas,
nada
se encontrou.Ouçamos
ainda
J Norberto:
"Breve correu-lhe a vida, passada tão
suavemente no meio de tão desvelada educação,
em que tanto se esmeraram seus pais,
recreando-se, tanto ela como eles, naquele
cultivo doce e sossegado das letras
e das
artes,à
semelhança
dum
faceiro
e
travesso
regato, que brinca,
que
saltita,
que
serpeja,
espreguiçando-se
por
entre
as areias e seixos, beijando relva e flores.
Mas
veio
o
ano
de 1718, e a
morte,com
a sua
mão
mirrada,ceifou
tanta
flor
que
começava a
desabrochar,
tanta esperança
que
ia realizar-se
como
se
tudo
fora
um sonho, despenhando-se no fundo do sepulcro
apenas na florescente idade de 22 anos!"
Foi um talento precoce o da nossa primeira
poetisa. Meteoro brilhante que
atravessou o
céu
tão
rapidamente
que
nem
sequer deixou
vestígios dessa passagem luminosa...
É a
irmã
mais
velha
das poetisas do Brasil, a
virgem
formosa
que
lá
está na
orla
do
oceano
em
Olinda e
que
precedeu cantando a todas
nós
,
com
uma
dianteira
de
quase
três
séculos
e de
quem
a
pátria
guardo
apenas
o
nome:
Rita
Joana de Souza.
Quem
eram
seus
pais?
Quem
teriam sido os
seus
mestres?
Ninguém
sabe.
Como
seriam
seus
poemas?
Nada
se sabe.
Que
seja o
seu
nome
cultuado
por
todas as
mulheres
de
letras
do Brasil.
O
silêncio
e o
símbolo
do
desapreço
que
pairam
sobre
a
sua
obra
literária
são
bem
o
símbolo
do
desapreço
em
que
ainda
hoje
é tida a
inteligência
das
mulheres,
às
quais,
aqui
como
em
todas as
partes
do
mundo,
vão
abrindo
caminho
em
todos
os
setores
das
atividades
humanas ,
indiferentes
à coorte dos
que
fingem
ignorar
o
seu
esforço. |