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20/01/2006
Um canto bem sutil me banha de ternura
e um som mavioso e belo envolve-me, candente;
mas olhando ao redor, percebo com tortura
que aquela doce voz é às vezes tangente.
Com enorme tristeza e uma imensa amargura,
descubro uma gaiola amarela pendente
e me entristeço ao ver que naquela clausura
um pássaro cantando estava, bem plangente.
Desolada fiquei ao ver tanta ironia,
pois a nós é vedada imensa covardia:
trazer assim sem dó um pássaro trancado.
E porque para nós a vida é liberdade,
pois só ela nos traz total felicidade,
penso logo em remorso ao vê-lo engaiolado.